quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

CAPOEIRA NOVA VISÃO /ENTREVISTA COM MESTRE CHOCOLATE

GÁLATAS 6.1-5
Meus irmãos, se alguém for apanhado em alguma falta, vocês que são espirituais devem ajudar essa pessoa a se corrigir. Mas façam isso com humildade e tenham cuidado para que vocês não sejam tentados também. Ajudem uns aos outros e assim vocês estarão obedecendo à lei de Cristo. A pessoa que pensa que é importante, quando, de fato, não é, está enganando a si mesma. Que cada pessoa examine o seu próprio modo de agir! Se ele for bom, então a pessoa pode se orgulhar do que fez, sem precisar comparar o seu modo de agir com o dos outros. Porque cada pessoa deve carregar a sua própria carga.





Venusiana:  O que é a Capoeira Evangélica ou Capoeira Gospel? Quais as principais diferenças em relação à capoeira tradicional?
Mestre Chocolate: Não curto muito chamar destas formas, “Capoeira Evangélica” ou “Gospel”, pois hoje entendo que capoeira é capoeira e sempre será capoeira, a forma que usamos sim pode ter muitas diferenças. Sempre digo que a capoeira é um dos melhores e talvez um dos maiores veículos de comunicação, em vários segmentos. Quando vamos nos apresentar, dizemos que vamos fazer uma apresentação de capoeira. Os termos “gospel” ou “evangélico” são usados mais para o meio evangélico, pois no meio tradicional da capoeira não se aceita isso. Aceita-se a capoeira como capoeira.
Venusiana: A Capoeira Regional foi criada por Mestre Bimba dando à Capoeira um caráter mais esportivo, enquanto a Capoeira Angola mantém caracterísiticas mais rituais. Na Capoeira Evangélica são praticados os dois estilos? Exitem mais alterações em relação a Capoeira Angola? Se sim, quais?
Mestre Chocolate: Em ambas as manifestações da capoeira existem até hoje suas formas de rituais. É certo que na Capoeira Angola é mais transparente, por outro lado, hoje em dia pouco se fala de religião, mais precisamente do candomblé. Em muitos colégios ou academias, os pais não deixam seus filhos fazerem capoeira pois sempre associam ao candomblé. Muitos capoeiristas por este mundo têm se convertido e param com o esporte também. Mas nós trabalhamos os dois estilos, e muito mais como competição, pois fui buscar o conhecimento esportivo, social, desportivo, entrando nas federações nacionais e internacionais.
Para mim foi uma porta a mais para conseguir muito mais conhecimento e autoriadade para falar e testemunhar nesse meio tão difícil. Usamos os dois estilos sim, o que mais mudamos são as músicas, quando cantamos, é lógico. Quando estamos entre capoeiristas não evangélicos e eles cantam, nós respeitamos, mas respeitamos os capoeiristas, não os rituais. E o glorioso é ser testemunha no meio deles e ser respeitados por eles. Assim vamos fazendo a obra. Outros rituais como sinal da cruz, passagem ou chamada, pé do berimbau ou pé da cruz, nós respeitamos, mas não precisamos fazer, assim podemos jogar em qualquer lugar.
Venusiana: Como e onde surgiu a Capoeira Evangélica?
Mestre Chocolate: Em 1988, incio do ano, quando comecei ler a Bíblia, me afastei da capoeira imediatamente, entendendo que não era mais para mim. Conheci Alex Dias Ribeiro que, na época, era o lider de Atletas de Cristo, e com ele aprendi muito. Uma das coisas que Alex sempre falava era que o esporte tem sua linguagem universal e é um presente de Deus para, com estratégias certas, chegar ao denominador comum. Logo no final de 1988, busquei algum grupo, mas sem êxito, pois não se falava nesta época sobre isso sem ser criticado e ou sem ser do diabo, tudo era do diabo antigamente, e jamias um crente poderia fazer capoeira por isso. Assim comecei numa praça e nas casas trabalhando com garotos rebeldes e drogados, com muitas dificuldades dentro e fora do meio evangélico. Em nove de janeiro de 1989, iniciamos oficialmente o trabalho com academia e aprendi que precisava ser sábio para lidar com as dificuldades e mudanças.
No início, sem nenhuma sabedoria, fiz muitas coisas que hoje não aconselho ninguém a fazer, pois não era sábio radicalizar como fiz. Em certo momento tinha mais de 150 alunos e o radicalismo jogou muitos para fora da academia, acabei ficando com menos de 10 alunos, fui buscar conselho e aprender o que fazer para mudar. Foi assim que aprendi respeitar as pessoas, os alunos que vinham fazer capoeira, eles vinham por um motivo e não vinham para se converter e era este meu objetivo, que todos se convertessem logo, mas foi aí que no final de 1989, Deus nos mostrou que poderiamos ser grandes na Capoeira e maior ainda com o ministério. Assim dividimos os dois: a capoeira, com formação na educação e diciplina esportiva, desportiva, e o ministério, para aqueles que se convertem são partes integrantes e tem um tratameto diferenciado pois ao acabar as aulas são dirigidos a reuniões de crescimento espiritual, discipulados, aprendem ser dicipulos e fazer discípulos, vão para igreja, e fazem parte da vida da igreja.
Venusiana: Gostaria de saber brevemente a história do senhor em relação à capoeira e à religião.
Mestre Chocolate: Em 1988, começo do ano, ganhei uma Bíblia católica e comecei a estudar sem nada entender. Encontrei um casal, Dino e Eunice, que abriram as portas de sua casa para a gente aprender a estudar a bíblia. Foram momentos maravilhosos. Com conhecimento e dicipulado, mudanças radicais ocorreram em minha vida, pois era um “falso” católico, como muitos brasileiros, nunca frequentava a igreja mas dizia q era católico, e ainda frequentava a umbanda e o candomblé. Tinha no meu serviço um altar enorme com vários “ídolos” e minha capoeira era violenta, como eu era bem violento quando bebia e me drogava. A bíblia, a palavra de Deus, foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Maravilha de Deus para mim.
Venusiana: Como verifiquei no site Vivos! (http://www.vivos.com.br/179.htm), a Capoeira Evangélica ainda não é aceita por toda a comunidade cristã, sendo inclusive alvo de críticas em alguns casos. Como o capoeirista evangélico lida com isso?
Mestre Chocolate: Sim, até hoje somos alvos de críticas, pois nem todo crente em Cristo Jesus entende esta obra de Deus em nossa vida. Este ministério é alvo de críticas pois dizem que é coisa do capeta e que Deus não usaria a capoeira nunca. Mas hoje em dia já é bem melhor levar este trabalho pois não estou mais sozinho. Temos muitos capoeiristas e ministérios trabalhando e evangelizando através desta arte chamada capoeira. Lidamos com isso com respeito e amor aos que não aceitam. Colocamos nossos pontos e mostramos nossos frutos. Muitos mudam de idéia, outros não mudam nunca, mas Deus sabe e nos ama, não é?
Venusiana: E entre os demais capoeiristas, existem críticas ou preconceito contra o capoeirista evangélico?
Mestre Chocolate: No meu caso, passei por todas as etapas. Houve dias dias em que capoeiristas se reuniram para fechar minha academia, se uniram para questionar-me, enfim, se juntaram contra mim. Ainda existe muitas criticas por parte de vários capoeiras mas, aqui em Santos, e em vários lugares, já há grandes mudanças graças à Deus.
Venusiana: Como é a integração dos grupos de capoeira evangélicos e os demais grupos?
Mestre Chocolate: Graças à Deus hoje podemos participar de vários eventos, somos convidados, somos bem recebidos. Somos capoeiristas como eles são, a única diferença é o Deus que servimos, a quem damos Glória. Fico triste pois vários grupos “gospel” têm se isolado. Sabemos que temos que trabalhar pelo amor de Deus e estar entre os outros a falar da volta de Cristo. Se isolar nao é uma boa, acabam morrendo.
Venusiana: Pelo que pude observar em minhas pesquisas, diferentes igrejas já possuem grupos de capoeira cristãos. Existe diferença na adaptação da capoeira feita em um grupo ou outro? Explicando melhor, a capoeira evangélica é única? Ou cada igreja ou grupo pode adaptar a capoeira a seu modo?
Mestre Chocolate: A pressão feita por alguns pastores soa grande, querem imediatamente resultados querem mudar e mudar, acabam mudando tanto e perdendo muito com estas mudanças. Cada um busca trabalhar da forma que acha certo, nem todos buscam ajuda e, muitas vezes, acabam se isolando. Quem acaba perdendo de certa forma é a obra de Deus pois alguns não se juntam e nem aceitam mudanças, têm que ser da forma deles mesmo.
Venusiana: O senhor comentou que a Capoeira Evangélica surgiu em 1988. De lá para cá, houve mudanças? Crescimento? Como o senhor vê esse período?
Mestre Chocolate: Meu Deus, como mudou! E eu mudei muito. Era radical demais, era um egoísta, não aceitava várias coisas, por falta de conhecimento fazia coisas absurdas. Já estava na obra, aliás, mal me converti e já estava com este trabalho nas mãos. Ocorreram mudanças enormes, era um trabalho solitário, hoje temos muitos capoeiristas convertidos no mundo, muitos trabalhos como nosso e até melhores com outras funções adaptadas. Glória a Deus por isso e muito mais em nosso meio. Para fazer o post sobre Capoeira Gospel, fiz uma pequena entrevista com Mestre Chocolate, que ficou boa de mais para ficar guardada, então resolvi postar aqui.Altair José dos Santos, da Igreja Presbiteriana Getsêmani, conhecido entre os capoeiras como Mestre Chocolate, é um dos precursores do movimeto de evangelização através da capoeira, e o fundador da Associação de Capoeira Nova Visão.
Venusiana:  O que é a Capoeira Evangélica ou Capoeira Gospel? Quais as principais diferenças em relação à capoeira tradicional?
Mestre Chocolate: Não curto muito chamar destas formas, “Capoeira Evangélica” ou “Gospel”, pois hoje entendo que capoeira é capoeira e sempre será capoeira, a forma que usamos sim pode ter muitas diferenças. Sempre digo que a capoeira é um dos melhores e talvez um dos maiores veículos de comunicação, em vários segmentos. Quando vamos nos apresentar, dizemos que vamos fazer uma apresentação de capoeira. Os termos “gospel” ou “evangélico” são usados mais para o meio evangélico, pois no meio tradicional da capoeira não se aceita isso. Aceita-se a capoeira como capoeira.
Venusiana: A Capoeira Regional foi criada por Mestre Bimba dando à Capoeira um caráter mais esportivo, enquanto a Capoeira Angola mantém caracterísiticas mais rituais. Na Capoeira Evangélica são praticados os dois estilos? Exitem mais alterações em relação a Capoeira Angola? Se sim, quais?
Mestre Chocolate: Em ambas as manifestações da capoeira existem até hoje suas formas de rituais. É certo que na Capoeira Angola é mais transparente, por outro lado, hoje em dia pouco se fala de religião, mais precisamente do candomblé. Em muitos colégios ou academias, os pais não deixam seus filhos fazerem capoeira pois sempre associam ao candomblé. Muitos capoeiristas por este mundo têm se convertido e param com o esporte também. Mas nós trabalhamos os dois estilos, e muito mais como competição, pois fui buscar o conhecimento esportivo, social, desportivo, entrando nas federações nacionais e internacionais. Para mim foi uma porta a mais para conseguir muito mais conhecimento e autoriadade para falar e testemunhar nesse meio tão difícil. Usamos os dois estilos sim, o que mais mudamos são as músicas, quando cantamos, é lógico. Quando estamos entre capoeiristas não evangélicos e eles cantam, nós respeitamos, mas respeitamos os capoeiristas, não os rituais. E o glorioso é ser testemunha no meio deles e ser respeitados por eles. Assim vamos fazendo a obra. Outros rituais como sinal da cruz, passagem ou chamada, pé do berimbau ou pé da cruz, nós respeitamos, mas não precisamos fazer, assim podemos jogar em qualquer lugar.
Venusiana: Como e onde surgiu a Capoeira Evangélica?
Mestre Chocolate: Em 1988, incio do ano, quando comecei ler a Bíblia, me afastei da capoeira imediatamente, entendendo que não era mais para mim. Conheci Alex Dias Ribeiro que, na época, era o lider de Atletas de Cristo, e com ele aprendi muito. Uma das coisas que Alex sempre falava era que o esporte tem sua linguagem universal e é um presente de Deus para, com estratégias certas, chegar ao denominador comum. Logo no final de 1988, busquei algum grupo, mas sem êxito, pois não se falava nesta época sobre isso sem ser criticado e ou sem ser do diabo, tudo era do diabo antigamente, e jamias um crente poderia fazer capoeira por isso. Assim comecei numa praça e nas casas trabalhando com garotos rebeldes e drogados, com muitas dificuldades dentro e fora do meio evangélico. Em nove de janeiro de 1989, iniciamos oficialmente o trabalho com academia e aprendi que precisava ser sábio para lidar com as dificuldades e mudanças.
No início, sem nenhuma sabedoria, fiz muitas coisas que hoje não aconselho ninguém a fazer, pois não era sábio radicalizar como fiz. Em certo momento tinha mais de 150 alunos e o radicalismo jogou muitos para fora da academia, acabei ficando com menos de 10 alunos, fui buscar conselho e aprender o que fazer para mudar. Foi assim que aprendi respeitar as pessoas, os alunos que vinham fazer capoeira, eles vinham por um motivo e não vinham para se converter e era este meu objetivo, que todos se convertessem logo, mas foi aí que no final de 1989, Deus nos mostrou que poderiamos ser grandes na Capoeira e maior ainda com o ministério. Assim dividimos os dois: a capoeira, com formação na educação e diciplina esportiva, desportiva, e o ministério, para aqueles que se convertem são partes integrantes e tem um tratameto diferenciado pois ao acabar as aulas são dirigidos a reuniões de crescimento espiritual, discipulados, aprendem ser dicipulos e fazer discípulos, vão para igreja, e fazem parte da vida da igreja.
Venusiana: Gostaria de saber brevemente a história do senhor em relação à capoeira e à religião.
Mestre Chocolate: Em 1988, começo do ano, ganhei uma Bíblia católica e comecei a estudar sem nada entender. Encontrei um casal, Dino e Eunice, que abriram as portas de sua casa para a gente aprender a estudar a bíblia. Foram momentos maravilhosos. Com conhecimento e dicipulado, mudanças radicais ocorreram em minha vida, pois era um “falso” católico, como muitos brasileiros, nunca frequentava a igreja mas dizia q era católico, e ainda frequentava a umbanda e o candomblé. Tinha no meu serviço um altar enorme com vários “ídolos” e minha capoeira era violenta, como eu era bem violento quando bebia e me drogava. A bíblia, a palavra de Deus, foi a melhor coisa que aconteceu em minha vida. Maravilha de Deus para mim.
Venusiana: Como verifiquei no site Vivos! (http://www.vivos.com.br/179.htm), a Capoeira Evangélica ainda não é aceita por toda a comunidade cristã, sendo inclusive alvo de críticas em alguns casos. Como o capoeirista evangélico lida com isso?
Mestre Chocolate: Sim, até hoje somos alvos de críticas, pois nem todo crente em Cristo Jesus entende esta obra de Deus em nossa vida. Este ministério é alvo de críticas pois dizem que é coisa do capeta e que Deus não usaria a capoeira nunca. Mas hoje em dia já é bem melhor levar este trabalho pois não estou mais sozinho. Temos muitos capoeiristas e ministérios trabalhando e evangelizando através desta arte chamada capoeira. Lidamos com isso com respeito e amor aos que não aceitam. Colocamos nossos pontos e mostramos nossos frutos. Muitos mudam de idéia, outros não mudam nunca, mas Deus sabe e nos ama, não é?
Venusiana: E entre os demais capoeiristas, existem críticas ou preconceito contra o capoeirista evangélico?
Mestre Chocolate: No meu caso, passei por todas as etapas. Houve dias dias em que capoeiristas se reuniram para fechar minha academia, se uniram para questionar-me, enfim, se juntaram contra mim. Ainda existe muitas criticas por parte de vários capoeiras mas, aqui em Santos, e em vários lugares, já há grandes mudanças graças à Deus.
Venusiana: Como é a integração dos grupos de capoeira evangélicos e os demais grupos?
Mestre Chocolate: Graças à Deus hoje podemos participar de vários eventos, somos convidados, somos bem recebidos. Somos capoeiristas como eles são, a única diferença é o Deus que servimos, a quem damos Glória. Fico triste pois vários grupos “gospel” têm se isolado. Sabemos que temos que trabalhar pelo amor de Deus e estar entre os outros a falar da volta de Cristo. Se isolar nao é uma boa, acabam morrendo.
Venusiana: Pelo que pude observar em minhas pesquisas, diferentes igrejas já possuem grupos de capoeira cristãos. Existe diferença na adaptação da capoeira feita em um grupo ou outro? Explicando melhor, a capoeira evangélica é única? Ou cada igreja ou grupo pode adaptar a capoeira a seu modo?
Mestre Chocolate: A pressão feita por alguns pastores soa grande, querem imediatamente resultados querem mudar e mudar, acabam mudando tanto e perdendo muito com estas mudanças. Cada um busca trabalhar da forma que acha certo, nem todos buscam ajuda e, muitas vezes, acabam se isolando. Quem acaba perdendo de certa forma é a obra de Deus pois alguns não se juntam e nem aceitam mudanças, têm que ser da forma deles mesmo.
Venusiana: O senhor comentou que a Capoeira Evangélica surgiu em 1988. De lá para cá, houve mudanças? Crescimento? Como o senhor vê esse período?
Mestre Chocolate: Meu Deus, como mudou! E eu mudei muito. Era radical demais, era um egoísta, não aceitava várias coisas, por falta de conhecimento fazia coisas absurdas. Já estava na obra, aliás, mal me converti e já estava com este trabalho nas mãos. Ocorreram mudanças enormes, era um trabalho solitário, hoje temos muitos capoeiristas convertidos no mundo, muitos trabalhos como nosso e até melhores com outras funções adaptadas. Glória a Deus por isso e muito mais em nosso meio.






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